segunda-feira, 28 de março de 2016

Como as críticas negativas a Batman vs Superman podem afetar o futuro da DC no cinema

Filme depende de bom desempenho na sua segunda semana em exibição



Batman vs Superman: A Origem da Justiça teve uma ótima jornada nas bilheterias do fim de semana de Páscoa, batendo recordes pelo mundo. Foram US$ 170,1 milhões nos EUA, tornado o filme a melhor estreia de março, a melhor abertura da DC Comics e a sexta maior abertura nos Estados Unidos. Internacionalmente, o longa estreou em 66 países (incluindo a China), arrecadando US$ 254 milhões, sendo a maior abertura de todos os tempos no Brasil, e chegando a uma soma mundial de US$ 425,1 milhões - a maior abertura total entre as adaptações dos quadrinhos para o cinema.

Esse sucesso, que aparentemente ignora as críticas negativas recebidas pelo filme, especialmente nos EUA (29% no Rotten Tomatoes e nota 44 pelo Metacritic), é fruto da expectativa criada em torno do longa, com o embate entre heróis, a estreia de Ben Affleck como Batman e o debute cinematográfico da Mulher-Maravilha (Gal Gadot). Ajudou também a gigantesca campanha de marketing (via Hollywood Reporter), com US$ 28 milhões gastos apenas em anúncios de TV, com 2.991 exibições de 20 comerciais desde 9 de janeiro, superando a marca de Star Wars: O Despertar da Força, com US$ 25,5 milhões gastos em 1.913 exibições de 24 comerciais. No total, o estúdio teria gasto entre US$ 150 e US$ 160 milhões para promover o longa, investindo especialmente em marketing digital. O filme também se beneficiou da parceria com marcas como Jeep, Dodge, General Mills e Turkish Airlines, que investiram mais US$ 18,5 milhões em anúncios ligados a Batman vs Superman, incluindo os comerciais virais da empresa aérea exibidos no Super Bowl (focados nas cidades de Metrópolis e Gotham). Mais US$ 3,2 milhões em anúncios teriam vindo de comerciais de brinquedos licenciados.

Esse investimento, porém, só tem efeito direto na primeira semana de exibição. Batman vs Superman agora depende do boca a boca para garantir uma boa segunda semana. No entanto, a nota do CinemaScore, empresa que, desde 1978, mede o nível de interesse do público em um filme, não parece promissora. Classificado como B pela pesquisa, o longa recebeu a mesma avaliação de títulos como Lanterna Verde (US$ 53 milhões de abertura nos EUA, total mundial de US$ 219 milhões), Mulher-Gato (US$ 16 milhões de abertura nos EUA, total mundial de US$ 82 milhões). A grande maioria dos filmes de heróis na faixa de abertura de BvS recebe variações da nota A (como O Homem de Aço, A - e Vingadores: Era de Ultron, A), com títulos que receberam variações da nota B tendo um desempenho apenas satisfatório (ou quase satisfatório) nas bilheterias, como Thor ( B+, US$ 181 milhões nos EUA para um orçamento de US$ 150 milhões), Hulk (B-, US$ 132 milhões nos EUA para um orçamento de US$ 137 milhões), X-Men: Primeira Classe (B+, US$ 146 milhões nos EUA para um orçamento de US$ 160 milhões) e X-Men Origens: Wolverine (B+, US$ 179 milhões nos EUA para um orçamento de US$ 150 milhões). A nota C é geralmente determinante de fracassos, como Quarteto Fantástico (2015), que recebeu um C- e fez apenas US$ 56 milhões nos EUA para um orçamento de US$ 120 milhões. Já Cinquenta Tons de Cinza, que recebeu um C+, fez US$ 93 milhões na estreia (em função do buzz em torno da adaptação), mas sobreu uma queda de US$ 73,9% no fim de semana sequinte, com apenas US$ 22,2 milhões arrecadados (o filme fechou sua campanha nos cinemas dos EUA com US$ 166 milhões para um orçamento de US$ 40 milhões).

Uma queda brusca na segunda semana de exibição de Batman vs Superman nos EUA não deve influenciar as datas determinadas para os filmes do universo cinematográfico da DC, mas pode significar uma nova direção criativa para as adaptações dos personagens da editora, especialmente Liga da Justiça, que deve começar a ser rodado em 11 de abril com praticamente a mesma equipe de BvS. Há muito dinheiro investido, com uma expectativa muito alta de retorno, para que a Warner não leve em consideração as críticas (da imprensa e do público) recebidas pelo longa que deveria estabelecer o tom de uma nova franquia. O desempenho internacional pelas próximas semanas também entrará na conta.

Jeff Goldstein, chefe de distribuição da Warner nos EUA, falou ao Hollywood Reporter sobre a desconexão entre os críticos e o público ao celebrar o bom desempenho do filme na sua estreia. A prova de que o público abraçou realmente a visão de Zack Snyder, contudo, só chegará na próxima segunda, quando forem computados os números oficiais das bilheterias no segundo fim de semana, mostrando a força do filme além da expectativa de mais de dois anos de espera, o peso do marketing ou da estratégia do feriado de Páscoa. Ironicamente, a grande estreia do próximo fim de semana nos EUA será Deus Não Está Morto 2, cujo original estreou em primeiro lugar no mesmo período no ano passado (fazendo apenas US$ 9 milhões, mas já superando o seu orçamento de US$ 2 milhões).

Batman vs Superman: A Origem da Justiça já está em cartaz nos cinemas.

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