terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Pantera Negra | Wesley Snipes revela história não contada sobre adaptação para os cinemas nos anos 90

Ator enfrentou muitas dificuldades para tirar projeto do papel



O ator Wesley Snipes, conhecido por estrelar Blade: O Caçador de Vampiros, tentou adaptar os quadrinhos de Pantera Negra para o cinema nos anos 1990. Em entrevista ao Hollywood Reporter, ele afirmou que enfrentou muitas dificuldades para tirar o projeto do papel e, por isso, o filme nunca saiu.

Na época, Snipes estava num momento alto da carreira, tendo atuado nos longas Homens Brancos Não Sabem Enterrar e New Jack City - A Gangue Brutal. A Marvel, por sua vez, estava com sérias dificuldades, entre as quais a falência, declarada em 1996, e a competição com os sucessos da DC nos cinemas, como o Superman de Christopher Reeve.

Mesmo assim, logo que seu empresário na época, Doug Robertson, contou que a editora queria que ele estrelasse um filme do Pantera Negra, o ator não pensou duas vezes antes de aceitar.

"Pantera Negra me chamou a atenção, porque ele era nobre e a antítese dos esteriótipos apresentados sobre os africanos, a história da África e seus grandes reinos. Tinha um significado cultural e social. Era algo que as comunidades negra e branca não tinham visto antes", contou Snipes. "Ele é um personagem icônico, com o qual a maior parte do mundo não tem familiaridade e que as comunidades onde cresci adorariam. Olha, desde quando William Marshall interpretou Blacula nos anos 1970 e do fervor das comunidades negras e hispânicas, nunca passou pela minha cabeça que o público não fosse gostar do filme".

Com a aprovação de Stan Lee, Snipes já embarcou no projeto. A primeira dificuldade apareceu logo quando tentava apresentar a ideia para os estúdios: todo mundo acreditava que ele queria fazer um retrato da organização revolucionária dos anos 1960, parte do movimento dos direitos civis dos Estados Unidos. "Eles pensavam que era só colocar uma boina e roupas pretas e está aí o filme".

Assim que a Columbia topou produzir o longa, surgiram mais dois desafios: encontrar um diretor e um roteirista certos. "Eles estavam tentando encontrar os diretores negros jovens e em ascensão", afirmou. Na lista, apareceram nomes como Mario Van Peebles (O Retorno de Sweetback) e John Singleton (Os Donos da Rua).

"Contei para ele sobre a minha visão do filme, algo próximo da produção atual: toda a África como esta sociedade avançada e escondida, protegida por um campo de força, o Vibranium", relembrou Snipes sobre encontro com Singleton. "John disse 'não. Ele tem o espírito do Pantera Negra, mas ele está tentando fazer com que seu filho se junte à organização [de direitos civis]. Ele e o filho têm problemas, porque ele quer que o filho seja politicamente correto e o filho prefere ser burro."

"Estou parafraseando a conversa, mas, no final, John queria colocar o personagem no movimento dos direitos civis. E eu fiquei 'cara, e os brinquedos? Eles são tecnologicamente avançados e será fantástico ver a África deste jeito em vez do retrato tradicional que ela recebe'. Queria ver a glória e a beleza da África. Fico feliz que não seguimos esse caminho, porque teria sido errado fazer isso com um projeto tão rico."

Segundo Snipes, eles nunca conseguiram encontrar a combinação certa de diretor e roteirista que fossem capazes de tirar a ideia do papel. Além disso, para ele, a tecnologia da época não estava à altura do que era mostrado nas HQs.

Porém, a experiência não foi em vão. O ator conta que usou tudo o que aprendeu e aplicou em Blade - O Caçador de Vampiros. "Foi uma progressão natural. Os dois [Pantera Negra e Blade] tinham nobreza e eram lutadores. Então pensei, se não podemos fazer o Rei de Wakanda e o reino escondido na África, vamos fazer um vampiro negro."


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